“Figurinos de Vindima” têm fundamento na história da Festa da Uva. Minha participação nos desfiles alegóricos, na criação de coroas e jóias de rainhas, no desenvolvimento de carros alegóricos e como figurinista, foi decorrente de experiências enriquecedoras que tive a oportunidade de vivenciar e de colaborar com integrantes da comissão executiva, candidatas e soberanas. Além de ministrar palestras e de participar do júri de eleição de rainha e princesas fui movida pelo amor à cidade em cooperar com o evento. Tudo isso foi gratificante.
No que tange à vestimenta que foi usada pelas soberanas e representantes de entidades nesses 80 anos de trajetória, teríamos vários figurinistas capazes de descrever os conceitos e as diretrizes traçadas por cada festa mas que não o fizeram porque esse “não era seu ofício”. Assim, opinaram que deveria ser meu o encargo, pela caminhada de pesquisadora da área da indumentária da universidade de Caxias do Sul. Com o passar dos anos, fui absorvendo essa idéia e, a partir de 1984, dediquei-me a desenvolvê-la.
Desde minha primeira participação, em 1958, ainda adolescente, como componente de carro alegórico, da Associação Vêneta de Caxias do Sul, até hoje, quando ainda desenvolvo figurinos, passaram-se mais de cinquenta anos. Durante esses anos todos, coloquei como meta, do meu trabalho, o respeito às origens da cidade e aos ideais que motivaram a criação das Festas da Uva, quais sejam os de festejar a vindima e de homenagear as famílias dos imigrantes, responsáveis pela vitivinicultura e progresso regional.
Nesse período, os figurinos das Festas da Uva de Caxias do Sul passaram por diferentes fases com distintos estilistas e modistas mantendo em sua maioria, o conceito de finalidade aos costumes interioranos locais e ao vestir típico das regiões de origem na Itália, com o toque de requinte que a celebração pede. No entanto, nem todos os figurinos apresentados pelas jovens concorrentes ao título ou até de Rainhas da Festa seguiram esses conceitos.
Entender a questão dos figurinos de vindima torna-se fundamental para que se possa salvaguardar um dos ícones do Patrimônio Cultural Ítalo-brasileiro na Serra Gaúcha. Junto ao conjunto de bens ou de valor próprio, o figurino das soberanas e embaixatrizes deve ser considerado de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura desse lugar, ao lado da literatura, da música, do folclore, da linguagem e dos costumes desse grupo social.
O objetivo desse trabalho é fazer uma amostragem dos figurinos fundamentados na tradição italiana e/ou da colonização, berço da cidade de Caxias do Sul. A meta é firmar os conceitos iniciais da Festa Nacional da Uva, para que as vindimadoras estejam carregadas de significado em seu vestuário. E que a Festa e sua simbologia se mostrem autênticas, legítimas com a tradição e com a sua história.
As novas etnias que se agregam à região são homenageadas pela tradição gaúcha de vestir, presentes desde o primeiro evento. A moda não está incluída.
Preservar nossa identidade regional é fundamental perante um mundo cada vez mais globalizado. Afirmou a Doutora da Universidade da Sorbonne com tese sobre a Simbólica do Traje, maria José Palla e Carmo. “O traje comporta-se como uma instituição na história concreta dos povos. Uma forma de vestir não morre facilmente; quando adquire direito de cidadania sobre um dado tempo e espaço, exprime qualquer coisa de muito mais profundo do que uma simples fantasia artificial”.
Conteúdo
Tomo I – Fundamentação

- Figurinos e Vestuário Tradicional
- Figurinos e Figurinistas
- Figurinos de Vindima-Tradição & Elegância na Serra Gaúcha
- Acessórios
- Artesanato – Artesanato na Serra Gaúcha
- Documenta Costumes – Universidade de Caxias do Sul
- Figurinos de Vindima – Fundamentação Italiana
-
- Imigração Italiana – Fatos Importantes
- Costume Popolari Italiani
- Ilustrações Italianas – Italia Meridionale
- Italia Centrale
- Italia Settentrionale
- Figurinos de Vindima – Fundamentação Brasileira
- A Questão Gauchesca
- A Questão Ítalo-Brasileira
- Fotografias Coloniais – Fatos Importantes
- Características do Vestuário Colonial Feminino
- Considerações
- Bibliografia
- Créditos
Tomo II – Cortejos

- Figurinos em Cortejos de Vindima
- A Homenagem
- Rainhas e Cortejos
- 1931 – O Começo de Tudo
- 1932 – Grande Cortejo Triunfal da Uva
- 1933 – Rainha Adélia Eberle
- 1934 – Rainha Odila Zatti
- 1937 – A Fonte Luminosa
- 1950 – Rainha Terezinha Morgante
- 1954 – Rainha Elisa Eberle
- 1958 – Rainha Zila Turra
- 1961 – Rainha Helena Robinson
- 1965 – Rainha Sílvia Celli
- 1969 – Rainha Elisabeth Menetrier
- 1972 – Rainha Margarete Trevisan
- 1975 – Rainha Roxane Torelli
- 1978 – Rainha Annemarie Brugger
- 1981 – Rainha Marília Conte
- 1984 – Rainha Marisa Dotti
- 1986 – Rainha Sílvia Slomp
- 1989 – Rainha Deliz de Zorzi
- 1991 – Rainha Catiana Rossatto
- 1994 – Rainha Cristina Briani
- 1996 – Rainha Patrícia Pezzi
- 1998 – Rainha Patrícia Roth dos Santos
- 2000 – Rainha Fabiana Koch
- 2002 – Rainha Juliana Marzotto
- 2004 – Rainha Priscila Michielon
- 2006 – Rainha Júlia Brugger de Carli
- 2008 – Rainha Andressa Lovatto
- 2010 – Rainha Tatiane Frizzo
- 2012 – Rainha
- Rainha desde 1875
- Bibliografia
- Créditos